Empinando Fotografias
Reprodução do artigo sobre Fotografia Aérea com Pipa publicado originalmente na Multiangular em 04/02/2007.
No mundo todo, enquanto milhões de pessoas fazem fotografia, outros milhões se divertem soltando pipas. Pode parecer estranho, mas algumas combinam as duas atividades, fazendo fotos aéreas com pipa.
Voar é certamente o sonho de muitas pessoas. O objetivo da fotografia aérea com pipa (ou KAP, do inglês Kite Aerial Photography) é o que não seria possível de outra forma: obter uma visão privilegiada, como a dos pássaros, de modo seguro e sem tirar os pés do chão.
Mesmo que você nunca tenha ouvido falar em KAP, ela não é novidade. A primeira fotografia aérea é atribuída ao francês Félix Nadar (pseudônimo de Gaspard-Félix Tournachon), que de um balão fotografou a cidade de Bievre (França), em 1858. Arthur Batut, trinta anos depois, fez a primeira foto com pipa sobre Labruguiere, também na França.
Inicialmente a KAP atraiu o interesse de militares e cartógrafos, mas hoje a maioria dos KAPers praticam a KAP por hobby. Quase todos compartilham o mesmo histórico: um dia descobrem como prender uma câmera simples e barata (antigamente de filme) à linha de uma pipa, assim como fazer seu disparo automaticamente, por meio de um intervalômetro rudimentar. Após soltar a pipa, fazer algumas fotos e aguardar ansiosamente a
revelação do filme, vem a recompensa: um rolo inteiro de fotos borradas e sem enquadramento! Mas com persistência e algum tempo, isso melhora...
A KAP é tanto divertida quanto um desafio, oferecendo muitos problemas a serem resolvidos pelo KAPer. A maior parte dos equipamentos costuma ser fabricada (ou pelo menos montada) pelo próprio usuário, exigindo habilidades em diversas áreas, desde fotografia até costura (caso o KAPer queira ainda fabricar sua própria pipa). No exterior existem kits prontos para iniciantes, incluindo até mesmo uma câmera descartável, mas quem leva a KAP a sério, cedo ou tarde acaba "pondo a mão na massa".
Os requisitos básicos para praticar KAP são:
As câmeras digitais compactas são ótimas para KAP devido ao peso e tamanho reduzidos, além de oferecerem mais fotos por voo, e com menor custo em comparação com máquinas de filme. As que possuem intervalômetro resolvem o problema do disparo da câmera, mas é possível adaptar intervalômetros externos ou controle remoto via rádio à máquina, dependendo da habilidade do KAPer (ou de quanto ele pode investir na brincadeira).
O "berço" (ou rig) é a peça que prende a câmera à pipa, e costuma ser a parte mais difícil de ser resolvida. Exceto raras exceções no exterior, não existem modelos disponíveis comercialmente. Na Internet encontram-se alguns projetos do tipo "faça você mesmo", mas como cada berço é específico para uma câmera, sempre é preciso alguma alteração ou ajuste para a sua. Além disso, cada berço tem diferentes recursos e limitações, portanto é bom olhar com calma antes de investir tempo e dinheiro na construção do equipamento, tendo em mente seus objetivos atuais e futuros.
Vento e espírito de aventura também são fundamentais. Mas cuidado com os excessos! Com pouco vento, sua pipa pode não sair do chão ou - ainda pior - cair junto com o equipamento, se o vento reduzir muito quando a pipa estiver voando. Ela também pode ficar instável ou cair com ventos fortes demais. Pipas muito grandes são perigosas, principalmente na mão de inciantes, pois ventos fortes arrastam facilmente crianças e até mesmo adultos.
O "espírito de aventura" em excesso também deve ser evitado. Segurança deve ser o lema básico de todo KAPer. O "estrago" causado por uma câmera caindo a mais de 100 m ou 200 m de altura sobre propriedade de terceiros ou de si mesmo pode ser muito caro, mas nada comparado a danos pessoais (que podem ser mesmo fatais). Diferente das pipas comuns de criança, as de KAP podem causar graves acidentes se caírem em estradas, sem falar nos riscos oferecidos por postes de alta tensão. Praticamente todos os riscos podem ser reduzidos se o KAPer for responsável e não se deixar levar pela emoção. O iniciante deve:
que se deseja fazer, tanto do local quanto dos ângulos desejados (se o seu berço permitir mudar a orientação da câmera antes ou durante o vôo). Nem sempre se obtém o resultado planejado, mas com sorte, sempre se consegue uma boa foto com um assunto e composições absolutamente inesperados (algumas vezes bem abstratos).
Mas as fotos não são o único benefício da KAP. Ela ainda oferece um bom exercício para os braços (é comum a pipa "puxar" 5 kg ou mais), e é garantia de achar sorrisos em crianças e adultos que elevam o olhar aos céus para ver seu brinquedo.
Para mim, todos os aspectos da KAP são fascinantes. E agora, após voar com minha câmera, minha visão mudou. Quando não estou fazendo KAP e sinto a brisa soprar, dirijo o olhar às alturas, com certa saudade - e desejo de provar novamente do sonho de Ícaro.
No mundo todo, enquanto milhões de pessoas fazem fotografia, outros milhões se divertem soltando pipas. Pode parecer estranho, mas algumas combinam as duas atividades, fazendo fotos aéreas com pipa.
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| Erosão colorida: Vista aérea de Praia das Fontes, em Beberibe, CE. |
Mesmo que você nunca tenha ouvido falar em KAP, ela não é novidade. A primeira fotografia aérea é atribuída ao francês Félix Nadar (pseudônimo de Gaspard-Félix Tournachon), que de um balão fotografou a cidade de Bievre (França), em 1858. Arthur Batut, trinta anos depois, fez a primeira foto com pipa sobre Labruguiere, também na França.
Inicialmente a KAP atraiu o interesse de militares e cartógrafos, mas hoje a maioria dos KAPers praticam a KAP por hobby. Quase todos compartilham o mesmo histórico: um dia descobrem como prender uma câmera simples e barata (antigamente de filme) à linha de uma pipa, assim como fazer seu disparo automaticamente, por meio de um intervalômetro rudimentar. Após soltar a pipa, fazer algumas fotos e aguardar ansiosamente a
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| Pipa profissional. |
A KAP é tanto divertida quanto um desafio, oferecendo muitos problemas a serem resolvidos pelo KAPer. A maior parte dos equipamentos costuma ser fabricada (ou pelo menos montada) pelo próprio usuário, exigindo habilidades em diversas áreas, desde fotografia até costura (caso o KAPer queira ainda fabricar sua própria pipa). No exterior existem kits prontos para iniciantes, incluindo até mesmo uma câmera descartável, mas quem leva a KAP a sério, cedo ou tarde acaba "pondo a mão na massa".
Os requisitos básicos para praticar KAP são:
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| Encontro de marés: Vista aérea de Porto das Dunas, Aquiraz, CE. |
- pipas grandes, especiais para KAP
- câmera fotográfica (quanto menor e mais leve, melhor)
- "berço" para prender a câmera à linha da pipa
- vento
- espírito de aventura
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| Falésias de areia: Vista aérea de Morro Branco, em Beberibe, CE. |
O "berço" (ou rig) é a peça que prende a câmera à pipa, e costuma ser a parte mais difícil de ser resolvida. Exceto raras exceções no exterior, não existem modelos disponíveis comercialmente. Na Internet encontram-se alguns projetos do tipo "faça você mesmo", mas como cada berço é específico para uma câmera, sempre é preciso alguma alteração ou ajuste para a sua. Além disso, cada berço tem diferentes recursos e limitações, portanto é bom olhar com calma antes de investir tempo e dinheiro na construção do equipamento, tendo em mente seus objetivos atuais e futuros.
Vento e espírito de aventura também são fundamentais. Mas cuidado com os excessos! Com pouco vento, sua pipa pode não sair do chão ou - ainda pior - cair junto com o equipamento, se o vento reduzir muito quando a pipa estiver voando. Ela também pode ficar instável ou cair com ventos fortes demais. Pipas muito grandes são perigosas, principalmente na mão de inciantes, pois ventos fortes arrastam facilmente crianças e até mesmo adultos.
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| Rio Preguiças: vista aérea de Lençóis Maranhenses, MA. |
- praticar muito com a pipa antes de usar a câmera;
- verificar o estado de todo o equipamento antes do voo;
- jamais praticar KAP sobre pessoas ou locais onde a pipa e o equipamento causem problemas se caírem;
- sempre usar luvas para manusear a linha
- evitar situações de risco, como voar a pipa próxima a árvores, postes, estradas, precipícios, etc.;
- observar as condições do vento e do tempo (relâmpagos não precisam de chuva para existir, apenas nuvens!);
- saber a hora de guardar o equipamento e ir para casa.
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| Verde no deserto: vista aérea de Lençóis Maranhenses, MA. |
Mas as fotos não são o único benefício da KAP. Ela ainda oferece um bom exercício para os braços (é comum a pipa "puxar" 5 kg ou mais), e é garantia de achar sorrisos em crianças e adultos que elevam o olhar aos céus para ver seu brinquedo.
Para mim, todos os aspectos da KAP são fascinantes. E agora, após voar com minha câmera, minha visão mudou. Quando não estou fazendo KAP e sinto a brisa soprar, dirijo o olhar às alturas, com certa saudade - e desejo de provar novamente do sonho de Ícaro.
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